The Cape nunca se apresentou com uma série inovadora, nunca pretendeu ser uma grande produção, mas será que cumpriu alguns objectivos mínimos com a sua curta passagem? Alguns sim, outros nem tanto.
Eu nunca fui grande fã de banda desenhada, a maioria dos super heróis que conheço foram das adaptações da tv e pouco mais. Mas este género sempre atraiu imensos fãs, seja porque se criam situações irreais em que o bem vence sempre o mal tudo porque o super heroi tem poderes especiais para isso. The Cape não tinha nada de mais, não voa, não sobe paredes, não é imortal, tem uma capa que nos leva aos meandros da magia e era somente esse o seu poder: uma misteriosa capa que conseguia ser uma extensão do próprio corpo.
Havia ingredientes para a série resultar, tinha vilões e heróis e mistérios sobre as personagens e até considero que o elenco esteve bastante aceitável, a começar pelo actor principal que criou uma presença agradável mesmo quando os clichés puxavam demasiado por ele.
A historia gira em torno de uma cidade ficticia que é dominada pelo crime e pela corrupção e no meio disso aparece um policia honesto, Vince Faraday (David Lyons), que acaba por ser acusado de um crime que não cometeu e é dado como morto. Salvo por um grupo de Circo Vince vê-se obrigado a viver na sombra para proteger a família e é aí que lhe é apresentada A Capa, que tem características sobrenaturais que permitem ser uma espécie de extensão do corpo de quem a usa, aludindo muito aos grandes mestres do ilusionismo.
A história está dentro da linha de outras ficções do género e mesmo de alguns policiais, mas o que realmente falhou aqui? O primeiro aspecto penso ter sido mesmo a pouco relevância que a NBC deu à série, surgiu na mid season onde normalmente não tem o apoio de outras séries de maior audiência, além disso precedia Chuck que não é propriamente um sucesso. Outra situação foi talvez a falta de credibilidade dos vilões secundários, pois a história que funcionava numa espécie de procedural, em que surgia um vilão e tinha de ser combatido. O principal vilão regular da história é Peter Fleming (James Frain), que domina a cidade com a sua policia, embora este vilão no final apresenta-se nuances de algo muito mais elaborado que ao inicio não se percebeu. Esta personagem limitava-se muito a ‘ser protegido’ de ameaças maiores pelo The Cape, o que acaba por ser em alguns episódio caricato pois ele é o responsável pela situação de Vince. Outro dos problema da série foi talvez o núcleo do circo, que para mim era o grande problema da série, não tinham carga criativa suficiente para permitir algum leveza seja em termos de comicidade ou mesmo de colocar o Vince entre dois mundos opostos (a lei e o crime), apesar de algumas tentativas.
O que mais resultou na série julgo que foi a personagem Orwell (Summer Glau) que logo nos primeiros episódios percebemos a dimensão da sua busca e da sua luta e ao ao longo dos 10 episódios foi a única a evoluir claramente. Só por ela fica alguma pena a série terminar pois os acontecimentos dos últimos episódios mostraram o que poderíamos ter numa hipotética continuação.
A série não convenceu no fim de contas, as audiências foram arrastadas, a série viu ser cortada em 3 episódios a temporada, mas fica para memória futura o excelente episódio duplo (7 e 8 ) ‘The Lich’ que mostrou que ainda havia a capacidade de fazer bons vilões e pelas revelações que nos deu sobre o misterioso Peter Fleming.
A quem quiser estiver interessado em ver é uma série agradável, mas não esperem uma grande produção ou mesmo uma trama altamente elaborada, é uma história já vista com boas representações, mas não é claramente uma série para deixar saudades.
Até ao momento não foi comunicado o cancelamento, mas outra coisa não será de esperar.
Até breve.